Naturalmente, todos os campos do saber humano sentem a necessidade de organizar e classificar seus objetos de estudo em categorias. Para isso, são necessários parâmetros bem definidos. Na Biologia, em particular, não poderia ser diferente, até porque o interesse em relação à biodiversidade - a variedade de seres vivos na Terra - tem sido cada vez maior.
Figura 1. Árvore filogenética dos seres vivos
Fonte: difundindociencianaescola.wordpress.com
Taxonomia, classificação biológica ou sistemática é a área que busca classificar os seres vivos de acordo com seu parentesco evolutivo.
As regras que são utilizadas para tal embasam-se em critérios arbitrários estipulados por especialistas. É válido apontar que essa classificação não é estanque, e pode se modificar à medida que novas descobertas são feitas, trocando organismos de posição nas categorias taxonômicas.
Em primeiro lugar, põe-se que a taxonomia é sempre dicotômica, isto é, geralmente ocorre a divisão lógica de um determinado conceito em dois conceitos normalmente contrários.
A categorização clássica começou a ser elaborada pelo filósofo e matemático grego Platão (428 a.C.?-347 a.C.?). Em seu diálogo "Político", ele apresentou a ideia de agrupar objetos mediante a semelhança de suas propriedades.
Figura 2. Busto de Platão
Fonte: pt.wikipedia.org
O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384 a.C.-322 a.C) ofereceu importante contribuição para o desenvolvimento da taxonomia.
No primeiro livro de sua obra "Organon", intitulado "Categorias", emprega pela primeira vez em um contexto filosófico a palavra categoria. Nesse tratado, ele examina a diferença entre objeto e classe, aprofundando e sistematizando a estrutura de classificação de Platão.
Além disso, Aristóteles também estabelece cinco categorias que expõem a maneira como a realidade é entendida pelos seres humanos, a saber: gênero, espécie, diferença, propriedade e acidente, sendo que as duas primeiras passarão a exercer papel fundamental na Biologia.
Finalmente, ainda separa todos os organismos de que se tinha notícia na época em três grandes grupos: os reinos animal, vegetal e mineral. Para isso, faz uso do critério ambiental.
Figura 3. Busto de Aristóteles
Fonte: pt.wikipedia.org
O filósofo Teofrasto de Eressos (372 a.C.-287 a.C.), sucessor de Aristóteles na escola peripatética, redigiu duas grandes obras muito relevantes no estudo da Botânica, "História das plantas" e "Sobre as causas das plantas", nas quais classificou e discutiu todas as mais de 500 variedades de plantas cógnitas na época, tendo separado-as em ervas, subarbustos, arbustos, arvoretas e árvores. Dissertou sobre ervas medicinais, seivas, tipos de madeira etc. e cunhou termos como pericarpo.
Figura 4. Escultura de Teofrasto
Fonte: davidarioch.com
O filósofo romano Porfírio de Tiro (234 d.C.?-309 d.C.?), em sua "Introdução", na qual tece um comentário sobre a obra "Categorias" de Aristóteles, exibe a árvore de Porfírio, colaborando para o avanço da taxonomia ao apresentar a ideia de que os conceitos iam dos mais gerais e extensos até os mais específicos e particulares, em uma ordem de subordinação.
Figura 5. Gravação de Porfírio
Fonte: pt.wikipedia.org
Figura 6. Árvore de Porfírio
Fonte: www.eventials.com
O botânico, zoólogo, médico e naturalista sueco Carl Nilsson Linnæus (1707-1778), por sua imensurável contribuição para essa área, é considerado "pai da taxonomia moderna".
Figura 7. Gravura de Lineu
Fonte: pt.wikipedia.org
Lineu publicou, em 1735, sua magnum opus, "Systema Naturae", na qual lançou as bases para a vigente classificação dos seres vivos, elaborando, com base na semelhança de características anatômicas, fisiológicas, comportamentais e moleculares entre os variados seres vivos, as categorias taxonômicas principais/táxons, em número de sete, desde a categoria de maior abrangência e diversidade até a de menor abrangência e diversidade: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
Vale destacar que existem, agora, categorias intermediárias entre essas: infra-classe, subclasse, subfamília etc. Atualmente, uma categoria mais ampla e abrangente que o reino também tem sido considerada: o domínio.
Figura 8. Categorias taxonômicas
Fonte: www.coladaweb.com
Reinos: Animalia, Plantae, Fungi, Protoctista e Monera
Exemplos de filos: Chordata, Arthropoda, Anthophyta
Exemplos de classes: Mamalia, Crustacea, Icosandria
Exemplos de ordens: Carnivorae, Monogynia, Anura
Exemplos de famílias: Hominidae, Passifloraceae, Felidae, Solanaceae
Exemplos de gêneros: Homo, Rosa, Brisa
Exemplos de espécies: Homo sapiens, Canis lupus, Passiflora edulis
Figura 9. Os cinco reinos
Fonte: mybrainsociety.blogspot.com
Lineu também desenvolveu um conceito de espécie, utilizado até hoje, que se define por:
1. Semelhança morfológica, bioquímica e cariotípica;
2. Viver na mesma área geográfica ao mesmo tempo e formar população;
3. Cruzar entre si (reprodução sexuada) e gerar prole fértil;
4. Isolamento (geográfico, temporal e reprodutivo) de outros grupos com essas mesmas características.
Abaixo, exemplos de posição sistemática ou classificação de espécie dentro de seus respectivos reinos.
Figura 10. Posição sistemática do gato
Fonte: descomplica.com.br
Figura 11. Posição sistemática da rosa
Fonte: educacion.practicopedia.lainformacion.com
Em Biologia, indivíduo é sinônimo de organismo. Organismo é aquele que apresenta as seguintes características: capacidade de obter energia a partir de nutrientes, reprodução e adaptação às mudanças ambientais. Todos os indivíduos se agrupam em espécies e populações. A única categoria taxonômica que realmente existe na natureza é a espécie.
O termo população corresponde ao conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que habitam o mesmo local, tanto espacial quanto temporalmente.
Figura 12. População de elefantes
Fonte: animais.culturamix.com
Visando diferenciar os milhões de organismos uns dos outros, representar um determinado organismo da mesma maneira seja qual for o idioma em que se escreve e formular um único nome válido para cada organismo, elaboraram-se, com o protagonismo de Lineu, as regras da nomenclatura binomial, também chamada nomenclatura biológica, nomenclatura científica ou sistema lineano:
1. As espécies são identificadas por um binome, isto é, um nome composto por dois nomes: um nome genérico (nome do gênero) e um descritor específico (nome da espécie). Nenhum outro táxon pode ter nomes compostos por mais de um complemento.
Figura 13. Composição do nome científico da banana
Fonte: MENDONÇA, 2016
2. Geralmente, o nome genérico é um substantivo; e o descritor específico, um adjetivo.
3. As subespécies têm um nome composto por três nomes, ou seja, um trinome, ordenados da seguinte maneira: nome genérico, descritor específico e descritor subespecífico.
4. Todos os taxa hierarquicamente superiores à espécie tem nomes compostos por uma única palavra, ou seja, um "nome uninominal".
5. Os nomes científicos, quando digitados, devem estar sempre em itálico; e quando manuscritos, sublinhados.
Figura 14. Nome científico do ser humano manuscrito (Adaptado)
Fonte: segundocientista.blogspot.com
6. O nome genérico (nome do gênero) deve ser escrito com letra inicial maiúscula; e o descritor específico (nome da espécie), com letra inicial minúscula.
7. Em textos acadêmicos e científicos, a primeira referência a um táxon, nomeadamente a uma espécie, é seguida, na zoologia, do sobrenome do cientista que o identificou pela primeira vez; e na botânica e micologia, da sua abreviatura padrão. Se a espécie teve a sua posição taxonômica alterada por inclusão em gênero diferente do original, o sobrenome ou a abreviatura padrão do autor original e a data de publicação original são fornecidos em parênteses antes da indicação de quem publicou o novo nome.
Figura 15. Artigo científico
Fonte: significados.online
8. Quando usado em conjunção com o nome vernáculo da espécie, o nome científico normalmente aparece imediatamente a seguir no texto, incluído em parênteses.
9. O nome científico deve ser sempre usado por extenso na sua primeira ocorrência no texto e sempre que diversas espécies do mesmo gênero estiverem a ser discutidas no mesmo documento. Nos usos subsequentes, as referências podem ser abreviadas à inicial do gênero, seguida de um ponto e do nome específico completo.
Figura 16. Produzindo um texto científico
Fonte: www.enago.com.br
10. A abreviatura "sp." é usada quando o nome da espécie não pode ou não interessa ser explicitado. A abreviatura "spp." indica várias espécies.
11. As abreviaturas "ssp." (zoologia) e "subsp." (botânica) indicam uma subespécie não especificada. As abreviaturas "sspp." ou "subspp." indicam um número não especificado de subespécies.
12. A abreviatura "cf." é utilizada quando a identificação da espécie requer confirmação por ser incerta ou estar a ser citada através de uma referência secundária não verificável.
13. Os nomes das famílias de animais são identificados pelo sufixo -idae; e os nomes das famílias de vegetais são identificados pelo sufixo -aceae.
14. Todos os nomes devem ser latinos ou latinizados.
Figura 17. Cactos e suculentas
Fonte: www.etsy.com
Referências:
FAVARETTO, José Arnaldo. Biologia unidade e diversidade, 2º ano. 1. ed. São Paulo: FTD, 2016.
MENDONÇA, Vivian L. Biologia: os seres vivos. Volume 2. Ensino Médio. 3. ed. São Paulo: AJS, 2016.
Blog Biologia - Ciência da Vida. TAXONOMIA E HISTÓRIA DA CLASSIFICAÇÃO. Disponível em: <http://segundocientista.blogspot.com/2013/02/taxonomia-e-historia-da-classificacao.html>. Acesso em: 10 fev. 2019.
Site: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 10 fev. 2019.
PAIM, Antônio Carlos. Aulas de Biologia dos dias 6 e 7 fev. 2019.
Parabéns pelo excelente trabalho!!!! Blog muito bem feito, pois está organizado e harmônico!!! Gostei!!! Nota 10!!!
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