domingo, 3 de março de 2019

Vírus

Figura 1. Representação de vírus
Fonte: www.estudokids.com.br

Figura 2. Reconstrução computacional de uma partícula de rotavírus
Fonte: pt.wikipedia.org

Os vírus não se incluem, segundo a definição vigente, em nenhum dos cinco reinos. André Michel Lwoff, microbiologista francês, agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1965, proferiu, inclusive, que "[considerá-los] ou não [...] como organismo é apenas uma questão de gosto." Desse modo, há um grande debate dentro da comunidade científica, ainda sem resolução, quanto a eles, se são seres vivos ou não.
São, ainda, as únicas entidades acelulares - não têm organização celular - de que se têm notícia atualmente. Eles são constituídos por, basicamente, material genético (DNA ou RNA) envolto por uma cápsula de proteínas, denominada capsídeo. Os vírus da raiva e da varíola contêm DNA: são os vírus de DNA; e os vírus da aids e da poliomielite contêm RNA: são os vírus de RNA.
Os retrovírus, cujo exemplo mais conhecido é o HIV, possuem RNA como material genético e apresentam a enzima transcriptase reversa, que permite a síntese de DNA a partir de um molde de RNA. Existem, também, por mais estranho que possa parecer, vírus com cadeias simples de DNA e cadeias duplas de RNA. Há, ainda, um vírus que possui DNA e RNA: o citomegalovírus humano.
O conjunto formado pelo material genético e pelo capsídeo é chamado nucleocapsídeo. Alguns vírus são formados apenas por esta estrutura: são os vírus não envelopados. Em outros, todavia, existe um envelope, conhecido como envoltório, o qual consiste, destarte, na parte externa do vírus: são os vírus envelopados. O envoltório é formado por proteínas mergulhadas em uma camada dupla de lipídios, que deriva da membrana plasmática da célula parasitada.

Figura 3. Representação simplificada da estrutura do vírus (Adaptado)
Fonte: www.infoenem.com.br

Os vírus são, em geral, muito simples e pequenos. A maioria é menor que as menores bactérias, medindo, via de regra, menos de 0,2 µm. Os bacteriófagos, por exemplo, medem cerca de 100 nm. Assim, só podem ser observados, em geral, através de microscópicos eletrônicos, que permitem aumentar as imagens em até 500 mil vezes.
Para tais dimensões microscópicas, usam-se, como visto, o micrômetro e o nanômetro, submúltiplos do metro. Estes dois equivalem a, respectivamente, 10^(-6) m e 10^(-9) m. O primeiro é a unidade mais utilizada para células; o segundo, a mais utilizada para vírus, que são, em tamanho, muito inferiores às células.
Alguns dos menores vírus conhecidos são o vírus da febre aftosa, cerca de 10 nm de diâmetro, e o vírus da poliomielite, cerca de 28 nm de diâmetro; e alguns dos maiores são o vírus da varíola, cerca de 300 nm de comprimento, e o baculovírus, que ataca células de mariposas e borboletas, cerca de 450 nm de comprimento.

Figura 4. Imagens de microscopia eletrônica do vírus da febre aftosa, do vírus da poliomielite, do vírus da varíola e do baculovírus (Adaptado)
Fonte: MENDONÇA, 2016

A atividade vital dos vírus só se manifesta quando estes se associam a uma célula hospedeira, não possuindo metabolismo próprio. Eles usam o equipamento biológico dessas células que parasitam, às quais causam prejuízo. Dessa maneira, são considerados parasitas intracelulares obrigatórios, reproduzindo-se exclusivamente no interior de células vivas.
Sendo assim, apesar da aludida simplicidade, os vírus não foram, sem dúvida, as primeiras entidades no planeta Terra, visto que necessitam de células vivas para sua multiplicação. Fia-se, portanto, que eles tenham dimanado, em vários momentos da evolução, possivelmente, de organismos celulares.

Figura 5. Os vírus parasitam células vivas
Fonte: profissaobiotec.com.br

Cada variedade de vírus pode parasitar apenas tipos específicos de células. Essa especificidade está associada à compatibilidade de proteínas entre o capsídeo dos vírus e a membrana plasmática das células, o que possibilita a fixação e entrada das partículas virais.
Destarte, podem-se considerar, quanto à classificação dos vírus, quatro grupos, organizados de acordo com os seres vivos com os quais, definidamente, se associam: os bacteriófagos, que parasitam bactérias; os micófagos, que parasitam fungos; os vírus de plantas, que parasitam plantas; e os vírus de animais, que parasitam animais.
Note-se que quando um vírus parasita um dado grupo de seres vivos, isso não significa, entretanto, que ele seja capaz de infectar qualquer espécie pertencente a esse grupo.

Figura 6. Vírus mais comuns, de variados tamanhos e formas (Adaptado)
Fonte: segundocientista.blogspot.com

Figura 7. Adenovírus, cuja forma é de icosaedro
Fonte: segundocientista.blogspot.com

Figura 8. Imagem de bacteriófago cujo DNA saiu do capsídeo e se desenrolou, a qual ilustra bem a relação entre o tamanho da cápsula proteica e a quantidade de material genético presente em seu interior nos vírus
Fonte: segundocientista.blogspot.com

Os vírus, ao se associarem a uma célula, introduzem seu material genético no DNA que integra os cromossomos dessa célula. Depois, ocorre a multiplicação do DNA viral e a síntese de novas cápsulas proteicas. Finalmente, novas partículas de vírus são liberadas. Podem-se citar cinco fases do processo de reprodução dos vírus: adsorção, penetração, desnudamento, biossíntese e morfogênese.
A morte da célula hospedeira é muito frequente. Esse padrão de reprodução recebe a denominação de ciclo lítico.
Em oposição a este, existe o ciclo lisogênico, no qual o vírus incorpora seu material genético ao da célula hospedeira, mantendo-se temporariamente inativo. Quando a célula-mãe se reproduz, seu material genético, que contém o DNA viral, duplica-se e distribui-se entre as células-filhas. Dessa maneira, a cada ciclo de divisão celular, toda a descendência é infectada.
Os vírus, quando não estão parasitando uma célula, podem ser cristalizados, permanecendo inativos por muitos anos, mas mantendo a capacidade de invasão.

Figura 9. Representação do ciclo lítico da reprodução dos vírus
Fonte: quimicatecnica.blogspot.com

Figura 10. Representação do ciclo lisogênico da reprodução dos vírus
Fonte: www.sobiologia.com.br

Por fim, podem-se citar, recapitulando, as características gerais dos vírus:

1) Acelularidade - não possui célula, metabolismo, movimento ou capacidade de crescer em tamanho e de se dividir por conta própria;
2) Composição química - material genético e capsídeo;
3) Patogenicidade - é parasita intracelular obrigatório e agente patogênico.

Figura 11. Principais grupos de vírus
Fonte: netnature.wordpress.com

Figura 12. Sugestão de estruturação da árvore da vida incluindo os vírus (Adaptado)
Fonte: netnature.wordpress.com

Os vírus, por viverem como parasitas no interior das células dos seres vivos, provocam inumeráveis doenças. Sir Peter Brian Medawar, biólogo britânico nascido no Brasil, Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1960, os reputou, inclusive, como "más notícias embrulhadas com um pouco de proteína."
As doenças provocadas por vírus são denominadas, em conjunto, viroses, das quais destacam-se: a aids, a febre amarela, a dengue, a poliomielite, a raiva, a hepatite, a caxumba, a catapora, a gripe e o resfriado.

Referências:

FAVARETTO, José Arnaldo. Biologia unidade e diversidade, 2º ano. 1. ed. São Paulo: FTD, 2016.

MENDONÇA, Vivian L. Biologia: os seres vivos. Volume 2. Ensino Médio. 3. ed. São Paulo: AJS, 2016.

Blog Biologia - Ciência da Vida. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS VÍRUS. Disponível em: <http://segundocientista.blogspot.com/2013/02/caracteristicas-gerais-dos-virus.html>. Acesso em: 3 mar. 2019.

Site: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 2 mar. 2019.

Site: <www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 2 mar. 2019.

Site: <netnature.wordpress.com>. Acesso em: 3 mar. 2019.

PAIM, Antônio Carlos. Aulas de Biologia dos dias 27 e 28 fev. 2019.

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